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MÉDICO E ESCRITOR CÂNDIDO FERREIRA FALECEU HOJE

CANTANHEDE

Nascido em 1949, em Febres – Cantanhede, onde frequentou a Escola Primária, cumpriu a restante formação académica no Liceu de D. João III e na Faculdade de Medicina de Coimbra, até 1973, com distinção. Foi bolseiro da Gulbenkian, trabalhador-estudante, delegado de curso e atleta da AAC, tendo conquistado diversos títulos regionais e universitários. Em 1976, dirigiu o Hospital de Pombal onde deixou reconhecida obra. Entre 1978 e 1982, foi Assistente de Nefrologia na Faculdade de Medicina, tendo também frequentado um estágio em Lyon, na área das transplantações renais. Regressado aos Hospitais da Universidade de Coimbra, integrou a equipa do Prof. Linhares Furtado tendo organizado a primeira consulta de transplantação em Portugal e a primeira colheita de órgãos, e colaborado na primeira transplantação renal com rins de cadáver. Em 1982, enveredou pela diálise privada a partir de Leiria, tendo construído empresas e clínicas hoje reconhecidas como modelares por técnicos de todo o mundo, tendo sido responsável por uma vasta consulta de especialidade e por mais de um milhão de tratamentos de hemodiálise. A empresa que dirige, e fundou, foi considerada a “melhor do distrito de Leiria”, em 2012, por um júri internacional. Democrata e humanista, viveu a crise académica de 1969 e integrou o Executivo Distrital do MDP-CDE de Coimbra, antes do 25 de Abril, tendo chegado a ser detido por atividades contra a ditadura. Da sua incursão pela política ressalta, em 1975, ter declinado integrar a lista para a Assembleia Constituinte, pelo PS e por se ter candidatado à Câmara de Leiria, onde triplicou o número de votos. Tendo exercido as funções de Presidente da Federação Distrital de Leiria, do PS, entre 1991 e 1995, voltaria a recusar a carreira de Deputado à Assembleia da República por ser outra a sua opção profissional. Para além de uma vasta produção técnica e científica, alguma em colaboração com os mais reputados centros e publicações internacionais, foi responsável por largas centenas de artigos de opinião, acolhidos em múltiplos jornais, revistas e estações de rádio, tendo ainda efetuado inúmeras intervenções públicas, incluindo na TV. É autor dos romances “O Senhor Comendador”, “A Paixão do Padre Hilário” e “setembro Vermelho” e de três livros de crónicas – “Os Burros”, “Esmeralda-Sim!…” e “Pelas Crianças de Portugal” -, tendo ainda sido porta-voz de um movimento na blogosfera, criado em torno do “Caso Esmeralda” e coordenador de uma edição sobre Alexis Carrel. Tendo sempre merecido excelentes classificações por parte da crítica especializada, foi distinguido na Enciclopédia de Artistas Médicos e na Antologia de Ficcionistas da Gândara. Ligado à defesa do património, animou a criação de um “Museu de Arte e Colecionismo” em parceria com a Câmara Municipal de Cantanhede, a partir da doação de setecentas mil peças que reuniu, estudou e catalogou, e que se encontram dispersas por uma centena de temáticas, sendo algumas populares e outras ligadas à Bibliografia, ao Dinheiro, à História Postal, à Arqueologia e a diversas Artes Decorativas, como as coleções de pintura portuguesa e de artesanato, esta recolhida em todo o mundo. Desde sempre que manteve cooperação regular com diversos países de língua portuguesa, através de uma ONG de que foi membro fundador. Em 2007, adquiriu uma propriedade em Urra – Portalegre, onde desenvolveu atividades ligadas à agricultura, à pecuária e à hotelaria e onde criou um espaço museológico que reúne 800peças recolhidas. no nosso país e suas ilhas adjacentes, desde a Antiguidade até aos nossos dias.

Cidadão ativo, ligado ao Movimento Cidadania Democrática, deixou-nos hoje aos 73 anos.

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