“O caminho é muito claro: a nossa estabilidade financeira anda de mão dada com o nosso sucesso individual e coletivo, que passa pela qualificação das pessoas”, afirmou o Governador do Banco de Portugal na sessão solene comemorativa do 49.º Aniversário do 25 de Abril em Cantanhede. Mário Centeno interveio na cerimónia a convite da presidente da Câmara Municipal, Helena Teodósio, tendo afirmado que “o nosso maior seguro para o futuro do 25 de Abril é a revolução silenciosa que as famílias estão a promover na educação dos filhos, não há outro”.
Referindo-se à queda do Estado Novo, o ex-ministro das Finanças disse que, “tal como os recém-nascidos, as revoluções começam com a inocência de acreditar e a curiosidade de descobrir”, declarando que “todos os que viveram o 25 Abril tiveram a inocência de acreditar e a curiosidade de ir mais além, a ambição de construir”. E depois de enunciar a evolução de alguns indicadores económicos e sociais dos últimos 49 anos, sublinhou que “o país se tornou mais solidário e hoje temos um dos sistemas de proteção social mais desenvolvidos da Europa, com as contribuições sociais pagas desde 1974 a terem mais do que triplicado”.
Segundo Mário Centeno, “o momento presente é cheio de desafios e a pergunta que devemos fazer é se nos preparámos para esses desafios. Na última crise errámos no diagnóstico, o que levou a uma recessão que deu força aos movimentos populistas”, lembrou o Governador do Banco de Portugal, alertando que “as sociedades que mais prosperam no mundo são as que respeitam as suas instituições”.
De desafios falou também Helena Teodósio, o primeiro dos quais “o da demografia para fazer face às alterações que se registam na estrutura etária da população, com o envelhecimento populacional, cujos efeitos, além do acentuar da despesa pública com as pensões e os serviços de saúde, incidem também na diminuição da força de trabalho com o inevitável impacto negativo na economia, na inovação e no desenvolvimento sustentável”.
Para a autarca, outros desafios incontornáveis são o da competitividade da economia e do desenvolvimento “segundo um modelo ambientalmente sustentável, socialmente justo e economicamente viável”, bem como o da “educação e qualificação dos cidadãos, para lhes facultar a aquisição de competências que lhes permitam o acesso a oportunidades de trabalho”.
Por último, a presidente da Câmara de Municipal referiu a necessidade de se “aprofundar a descentralização como via para melhorar a eficiência na prestação de serviços públicos e promover uma maior participação dos cidadãos nos processos de decisão, processo que deve passar por uma maior cooperação entre os diferentes níveis da administração pública, ou seja, entre o Estado Central e o Poder Local. São públicas e conhecidas as críticas que tenho feito ao processo de transferência de competências para as autarquias em algumas áreas e por isso hoje vou abster-me de as repetir aqui, confiando que algumas das correções efetuadas para atenderem às nossas reivindicações venham a traduzir-se em avanços no sentido da reforma de que o país precisa a esse nível”, sublinhou Helena Teodósio.
Na cerimónia comemorativa do 49.º Aniversário do 25 de Abril intervieram também o presidente da Assembleia Municipal, João Moura, e os líderes das bancadas do órgão deliberativo do Município, designadamente Carlos Fernandes (PSD), Áurea Andrade (PS) e Ulisses Salvador (Chega). A celebração terminou com a atuação do Grupo de Coral da Casa do Povo de Reguengos de Monsaraz.
Diamantino Miguéis, Rui Crisóstomo e Jorge Catarino receberam
a Medalha de Ouro da Cidade de Cantanhede
Momento alto da sessão solene foi, sem dúvida, a entrega da Medalha de Ouro da Cidade a Diamantino Miguéis, Rui Crisóstomo e Jorge Catarino. Aprovada pelo executivo camarário, por unanimidade, e pela Assembleia Municipal, a atribuição da mais alta condecoração da autarquia fundamenta-se no mérito dos serviços prestados ao Município pelos homenageados, na qualidade de presidentes da Câmara Municipal.
No seu discurso, Helena Teodósio afirmou que “o ponto a que chegou o processo de desenvolvimento económico e social do concelho é resultado de algumas etapas e vários protagonistas, três dos quais são o Dr. Diamantino Miguéis, o Dr. Rui Crisóstomo e o Dr. Jorge Catarino. Os seus mandatos foram naturalmente distintos em alguns aspetos, não só em função da sua sensibilidade pessoal e política, da sua visão do mundo e do modo como interpretavam o cargo, mas também porque o exerceram em períodos mais ou menos longos e em conjunturas sociais e políticas diferentes, mas de uma coisa eu estou absolutamente segura: independentemente da avaliação que cada um queira fazer dos seus desempenhos e das circunstâncias que os condicionaram, atuaram sempre na defesa dos superiores interesses do concelho com competência, integridade, isenção, propósito de justiça e dedicação à causa pública”, afirmou a autarca.
Numa breve alocução Rui Crisóstomo agradeceu à Câmara Municipal, à Assembleia Municipal e particularmente à Dr.ª Helena Teodósio, “a subtil gentileza que teve em honrar-me e distinguir-me com este gesto. Neste momento pergunto a mim próprio, com humildade, como e onde poderia eu continuar a defender e promover o bem público e ajudar a consolidar a liberdade que os nossos heróis de Abril conquistaram”, interrogou-se o ex-autarca, concluindo a dizer que “houve ontem, haverá amanhã, mas hoje é que importa. Com cravos vermelhos e corações rubros vamos a isso, pois não há não há tempo a perder”.
Jorge Catarino, por seu lado, afirmou que aquando abraçou o desafio autárquico – porque de um desafio se trata! – não o fez por “estar à espera de vir a receber uma medalha de ouro, mas sim por acreditar que podia concretizar projetos importantes em benefício das populações. Isto não tem preço, não tem preço sentirmos que fomos capazes de mudar a realidade, sentirmos a alma cheia com o que foi possível realizar, e hoje, quando olhamos para trás, posso dizer que não trocava esses oito anos que passei na Câmara Municipal por dinheiro nenhum deste mundo”, declarou o presidente da autarquia cantanhedense de 1998 a 2005, concluindo a dizer que “valeu a pena ter contribuído para a renovação do tecido económico e social da região, pois conseguimos colocar Cantanhede no mapa, em termos de desenvolvimento, de dinâmicas sociais e de inovação”.