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“SE A ALDEIA NÃO PLANTA, A CIDADE NÃO JANTA”

aldeias de mira sul

Os tempos que vivemos são de contar tostões, pelo menos para mim e, para a grande maioria dos humanos que ( sobre) vivem do seu trabalho, de magras pensões ou, até de nada, por todos os direitos terem sido expurgados por irracionais fundamentalismos ,atrevidamente avais de oportunidades ou falta delas, de trabalho ou falta dele . 

Tentando ser mais breve, e porque moro numa aldeia onde a resiliência humana me parece menos dolorosa do que na cidade , vou iniciar o raciocínio deste escrito, pelo que refleti hoje , numa grande superfície que pedia numa cestinha, “por favor”, aos clientes quando contemplavam a banca das bananas, cestinha essa com o escrito ” leve-me consigo”. Eram três as solitárias, e até me fizeram lembrar aquela canção que logo cantei baixinho: “como o macaco gosta de bananas, eu gosto de ti”. Não costumo ser lá muito simpático com as cadeias alimentares, mas desta vez rendo-me. As pessoas que andam a contar o tostão, como eu, não têm vergonha, quando ao pegar um cacho de meia dúzia de bananas, retiram uma porque está a mais. Assim como não têm educação quando para trazer 4 tomates, apalpam uma dúzia e, tanto tempo demoram a fazer a palpação que, chegam a formar, a fila dos tomates. Quem diz isto, diz toda a fruta e até legumes ,cebolas e por vezes até arrancam folhas ao repolho para desmotivar o ponteiro da balança na caixa. Falta de civismo que, estou em crer que vira desperdício que, todos pagamos porque o Senhor Superfície não está ali para ter prejuízo. Bem, falar de desperdício nas cidades, implica também que se fale nele, cá pelas aldeias. Estamos em Março , ando a consumir laranjas da Gândara desde Dezembro e não há quem goste da fruta criada ao pé da porta quanto eu. Desde que no meu dia a dia ,tenha na fruteira laranjas e bananas, já é muita fruta e da melhor e mais em conta . A propósito das laranjas estou também a lembrar-me dos limões, sem os quais também não passo. Bebo um copo de água por dia, com o sumo de um limão. Onde tenciono chegar com esta conversa toda, é que desde as aldeias ás cidades vai um desperdício no tostão que, bem vista a coisa , as laranjas e limões que se desperdiçaram na Gândara , e atrevo-me a dizer que são as melhores do mundo em sabor e qualidade, não vejo reações de intervenção ,no sentido de dizer NÃO ao desperdício alimentar, de que neste momento tanto se fala e, já não é apenas pela fome de outros continentes. Laranjas da Gândara, urgente é colocar as que restam, as melhores do mundo, no mercado de consumo antes que sequem, porque as nossas variedades terminam em Abril. Até lá, caros leitores, tendes pouco tempo para saborear o que é bom e levar recado ao Sr. Superfície da sua preferência que intervenham também no tostão da nossa região.



Domingos Neto

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