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OS SABORES DO CHEF: PARTIDAS DO VELHO & LAGOSTA “SUADA” À MODA DE pENICHE

Sabores do Chef

O velho, elegantemente vestido de gala, estacionou à porta do Real Mumadona Hotel, em Guimarães, dia 31 de janeiro, no seu vermelho Mercedes. O bagageiro, logo se aprontou em abrir a porta para receber tão importante figura. 

O bagageiro é dos profissionais de hotelaria que tem na primeira imagem da empresa o importante papel na fidelização do cliente.

Logo à entrada do hotel, o chef de sala, de comportamento submisso, estendeu-lhe a passadeira, prestou-se a dar as boas vinhas e as primeiras indicações de acolhimento e hospitalidade.

Caminhando na direção do balcão, para o check-in, surgem-lhe duas belas brasas, mulheres, que o rodeiam e afagam. O velho, babado, pediu uma garrafa do melhor espumante. Nada melhor para saltar de ano.

Após a primeira garrafa, pediu a refeição mais cara da ementa para mesa de três.

Depois de beberem quatro garrafas de espumante, passava das 2h da madrugada, o velho fervilhante, ficou falador ao ponto de chamar o chef de sala e perguntar-lhe, de pé, agarrado às duas belas mamonas.

– Ouça cá, lembra-se de mim?

– Realmente a sua cara não me é estranha.

– Olhe bem para mim! Veja se se recorda.

– Não, por mais esforço que faça, na verdade, não me vem à ideia de onde conheço, Vª Exª.

– Você lembra-se, mas não quer dizer. Vou dizer-lhe.

– Há sete meses tive a infelicidade de entrar aqui sem dinheiro. Bebi uns copos de whisky, não pude pagar a conta. Sem ter a preocupação de me ouvir, resolveu à força pôr-me na rua aos empurrões e pontapés usando linguagem imprópria. Agora já se recorda?

– Sim, é verdade, queira perdoar, mas sabe Vª Exª, na nossa profissão…

– Não é isso homem! Não se desculpe, agiu muito bem! Na sua profissão é preciso ser duro! Quem tem de pedir desculpa, sou eu.

– Ora, ora! Não temos nada que desculpar a Vª Exª.

-Tem sim, sabe porquê? Porque, hoje, vamos ter de repetir aquela cena!

 

                                 Lagosta “suada” à moda Peniche

Designação conhecida pelo sabor e textura a que é sujeita no processo lento de confeção.

1 lagosta +/- 1 kg, sem tripa. Um tacho ao lume com 2 dl de azeite, 3 cebolas às rodelas, 4 tomates em cubinhos, 4 dentes de alho esmagado, 1 folha de louro, até ficar transparente, reservar. 

Um segundo tacho com metade do preparado, colocar as antenas, as pinças, as patas, dispor metade dos anéis cortados da lagosta. 

Cobrem-se com a outra metade das cebolas, anéis da lagosta, colorau, sal e pimenta. Adicionar 2dl de vinho branco, 1 colher de sopa de aguardente, 2 cálices de porto branco, 2 malaguetas, noz-moscada, salsa, manteiga. Tapa-se, deixa-se por 1 hora, abanando o tacho sem nunca o abrir. Serve-se no tacho. Acompanha com arroz branco.

Votos de bom ano!

Um abraço gastronómico

Mário Moreira

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