Scroll Top

OS SABORES DO CHEF: história do bolo-rei

Sabores do Chef

O popular bolo natalício começou a ser vendido em Lisboa ao balcão da confeitaria Nacional, com receita trazida de Paris por Baltasar Rodrigues Júnior, que geriu o estabelecimento após a morte de seu pai em 1869. 

Com ele veio também e mestre pasteleiro francês Gregório, que se encarregou do seu fabrico. Entretanto, face ao seu sucesso, o bolo-rei passou a ser fabricado noutras confeitarias da capital e por todo o país.

Se a história da introdução do bolo-rei em Portugal, é conhecida, já o seu trajeto anterior, até se tornar o “gateau des rois”, ou a “gallette des rois”, em França, levanta dúvidas. 

Porém, a simbologia dos ingredientes, designadamente a fava, levanta a hipótese da sua ligação ao hábito de na antiga Roma se votar com favas, nos banquetes das saturnais, (manifestação cultural em honra de Saturno) a eleição do rei dos festins também chamado rei da fava.

A coincidência dessas festas com o mês de dezembro, levou a igreja católica a relacioná-la com a natividade e depois com a epifania. Segundo reza a lenda, a decisão de quem entre os três reis magos seria o primeiro a entregar o presente ao menino, foi decidido pelo sorteio de uma fava escondida num bolo. 

Já o “gateau des rois”, surgiu na época de Luís XIV para as festas do ano Novo e do dia de Reis. Com a Revolução Francesa (1789) o nome do bolo foi proibido e apelidado de “gateau des sans-cullottes”. Já reposto o nome do antigo a fava foi substituída em 1870 por uma figurinha de porcelana e mais tarde de plástico.

Em Portugal, caída a monarquia em 1910, a palavra “Rei” foi abolida aos ouvidos republicanos. O futuro do bolo esteve ameaçado. Os fabricantes optaram por mascarar o bolo por outras designações; “Bolo Arriaga” ou “Bolo Republicano”, outros mais cautelosos com a clientela ou descrentes com a nova doutrina, optaram por “Bolo de Natal” ou “Bolo de Ano Novo”.

Acalmados os ânimos revolucionários, o bolo voltou a circular com o seu nome, até à atualidade.

Uma norma europeia decidiu proibir o brinde por razões de segurança, por ser um objeto pequeno e constituir um perigo para as crianças.

Hoje, o bolo rei está em toda as bancas espalhadas pelo país, mas poucos são os recomendáveis. A cor da massa, a cor dos frutos pintados com cores adulteradas. O bolo deve ter pêssego, peras, tiras de cascas de laranja e cereja cristalizados bem macios, acompanhados com amêndoas, nozes, passas e pinhões à mostra sem aquela cobertura excessiva de açúcar em cima, nada disso! 

Bom Natal!

Um abraço gastronómico.

Mário Moreira

Posts relacionados