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NOVA CENTRALIDADE

Opiniao

Muito se tem falado e falará sobre a construção de um novo aeroporto para, de alguma forma, substituir o velho e saturadissimo aeroporto da Portela, com todos os prejuízos que esse adiamento causa e constrange a economia e perturba a vida das pessoas e empresas.  

Convém relembrar que esta novela data do tempo de Salazar, portanto já cheira mal ver tanta desculpa  e aselhice governamental, a quem cabe e tem o poder de decidir.

Porem, se um dos motivos para se construir um novo aeroporto são,para além da saturação do mesmo,  os problemas causados pelos ruídos,  e no seu todo o impacte ambiental inerente, também  devido aos voos nocturnos, aos constantes fluxos de trânsito, de mercadorias e passageiros,  ou dos milhares de pessoas que lá trabalham e  os que para lá se dirigem para embarcar,desembarcar,  coisa que, como é evidente, não existia quando foi construido. Ficava  bem fora daquilo que era Lisboa por esse tempo.

O aeroporto da Portela foi inaugurado a 15 de outubro de 1942, já lá vão 80 anos. Fica a cerca de 12 quilómetros do centro de Lisboa. Em termos de rapidez, do trânsito, é mais rápido chegar a Santarém do que a Lisboa. Isso é indiscutível.

Eis que surge a hipótese de Santarém, protagonizada por um grupo de privados. Pelo que nos é dado conhecer, não oferece grandes problemas ambientais, tem a auto-estrada mesmo ao lado, e ao passar a linha ferroviária de alta velocidade era só fazer o respectivo ramal. Para além disso, podia ter uma linha de Metro. Em termos geográficos, ficaria mais próximo do centro do país. A densidade habitacional aonde se insere é muito baixa. Não tem rios ou mar ou serras por perto. Portanto, é uma mais valia em termos ambientais. É evidente que, para os ditos ambientalistas, não há localização certa e muito menos ideal.

Contudo, aqueles que se acham lideres de opinião, que bradam,e com razão, por nunca mais se fazer o dito, (?)são os mesmos que diabolizam a hipótese de Santarém, porque está a 90 quilómetros da capital.

Para esses, ter um aeroporto a uns 20 ou 30 quilómetros é aceitável, mas 90 quilómetros nem pensar. São os mesmos que apregoam a descentralização, que  eu acho muito bem, mas na prática é o que se vê.

Este seria um bom principio descentralizador.

Ou seja: para eles Portugal é Lisboa,  e o resto é paisagem. Não querem o aeroporto na Portela, porque os perturba, e com razão, mas vivem nos melhores sítios do centro de Lisboa. Não vivem, nem Camarate, Olivais, outras terras ao redor,em casas degradas. Esses sim, estão fustigados por todo o tipo de ameaças. Só que não tem voz.

Mas se o construirem, que seja para pertinho, dentro da distância que pretendem, que mudem os problemas para outro lado. Só que nesse raio de 20 a 30 quilómetros, existem vilas e cidades super- povoadas e sempre em crescimento. Aliviaria os lisboetas, que sacudiam a água do capote, mas prejudicaria, como se pode ver,  outras terras, dormitórios da urbe lisboeta . Puro egoísmo, porque ali, também, vivem pessoas, muitas das quais trabalham em Lisboa, ou no concelho. Ou será que os aviões ao passar sobre essas localidades, não os incomodariam ?

Até que me demonstrem o contrário sou favorável a Santarém. Esta nova centralidade, que pelo que se vê, incomoda muita gente, inclusive o incompetente Galamba, que calado era um poeta, distorce as regras do jogo.

Santarém, que é interior, seria revitalizado e tem muito espaço para crescimento e dinamização. Mais uma razão para ser aqui.

Porque é que o novo aeroporto tem que estar mais próximo de Lisboa?

Convém recordar que, quer Alcochete, quer Montijo, terão custos ambientais enormes, um futuro ambiental altamente comprometedor, para além de ter que se  construir uma nossa travessia sobre o Tejo. Mais um custo na obra e mais um dano  ambiental.

Seria mudar o problema de um lado do Tejo para o outro lado, inquinando ainda mais a descentralização do país.

O governo é o primeiro culpado mas a oposição, nomeadamente o PSD, não fica nada bem na fotografia, porque ainda não concretizou nenhuma opção. E, mais vale ter uma má ideia do que não ter ideia nenhuma. Ninguém se quer queimar.

É pena que, a construção de um novo aeroporto não seja condição sine qua non de um novo evento em Lisboa. Se fosse, tarde e a más horas, estaria construido.

Candemil, a 27 de junho de 2023

José Venade

(José Venade não segue o actual acordo ortográfico em vigor)

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