Manuel Augusto Santos foi militar da GNR e foi autarca na Junta de Freguesia de Mira. Fique para ler o que ele nos conta nesta entrevista.
Como surgiu a força para escolheres como profissão seres militar da GNR?
Não foi uma questão de força, nem de vocação. Foi, isso sim, a falta de emprego que naquele tempo existia no Concelho de Mira. Estávamos em janeiro de 1985.
A minha única filha tinha apenas dois anos de idade. O meu projeto de vida passava por conseguir um trabalho que me permitisse assistir ao crescimento da minha filha.
Tal facto, excluía desde logo a possibilidade de emigrar, coisa que ainda cheguei a considerar, mas que descartei por ser incompatível.
Qual foi, mais tarde, o quartel de estreia?
Iniciei a formação de militar da GNR a 7 de janeiro de 1985 na localidade de Idanha-a-Nova, tendo-a concluído em meados do mês de junho do mesmo ano. O posto de estreia foi o de Barcarena, no concelho de Oeiras.
Inicialmente como patrulheiro e depois com segurança do senhor ministro da Justiça Dr. Mário Raposo e do senhor ministro da Educação Dr. Roberto Carneiro.
Por onde passaste ao longo da tua vida na GNR?
Por Barcarena, por Torres Vedras, por Anadia, por Tábua, por Cantanhede e por Mira.
Há algum episódio que te tenha marcado enquanto membro da GNR?
Sim, vários. Contudo, destaco apenas um, por ter sido o mais perigoso de toda a minha vida e que se traduziu no cerco e detenção da quadrilha que ficou conhecida como “Irmãos Cavaco” depois destes se terem evadido do Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz, e após terem assassinado alguns guardas da prisão. Esta ação, decorreu numa praceta da área territorial do posto de Barcarena e sempre no cumprimento das orientações e instruções que o Dr. Moita Flores nos foi dando, na qualidade de responsável pela operação da Polícia Judiciária que liderava.
Mais tarde, veio a política e fizeste parte da Junta de Freguesia de Mira. Que balanço fazes desse tempo autárquico?
O melhor possível. Tínhamos uma equipa extraordinária, liderada pelo Dr. Artur Fresco. Ele presidente, eu secretário, o Carlos Costa como tesoureiro. Importa relevar, por ser justo, o trabalho do senhor João Arrais “Manito” e da senhora Vânia Rodrigues, bem como todos os trabalhadores quer internos, quer externos da Junta que através do seu trabalho e competência, contribuíram de forma decisiva para o bom nome da Junta de Freguesia de Mira. A todos o meu muito obrigado. Foi uma honra enorme ter trabalhado convosco.
Se fosse hoje, voltarias a ser candidato?
Nunca tive aspirações de natureza política. Contudo, se os motivos que me levaram a aceitar aquela candidatura se repetissem, certamente que voltaria a integrar uma candidatura, caso fosse para tal convidado, mas sempres e só no superior interesse da Junta de Freguesia de Mira.
Que esperas do teu concelho em termos de desenvolvimento?
Espero e desejo que os atuais e os próximos líderes políticos do nosso concelho, tenham a capacidade e sabedoria necessárias, para atrair a Mira empresas em número e grandeza que permitam aos mirenses, caso assim o queiram, viver e trabalhar em Mira.
Há alguma área que te preocupe mais?
Sim. Sobretudo a área dos serviços de saúde, bem como a área da segurança de pessoas e bens, por serem ambas pilares decisivos para a manutenção da democracia em que todos certamente desejamos viver. Cumprimentos fraternos a todos os mirenses.