A 45ª edição da Feira do Livro de Coimbra, que decorreu na Praça do Comércio de 14 a 23 de junho, demarcou-se este ano pelo crescimento dos espaços programáticos, mantendo o núcleo no coração da cidade e abrangendo o Largo do Poço e o Largo do Romal, e contou com a presença de mais de 10 mil pessoas. Com a linha curatorial “10vezes50anos”, os 500 anos do nascimento de Luís de Camões e os 50 anos do 25 de Abril foram o mote para uma edição que, ao longo de dez dias, se destacou pelo forte envolvimento comunitário e artístico, pela elevada afluência de públicos e pela disseminação de conhecimento, contribuindo para uma programação diversa e participada que aproximou a Baixa de uma “aldeia literária”. No próximo ano, este evento cultural regressa à Baixa de 20 a 29 de junho de 2025.
De 14 a 23 de junho, a Feira do Livro de Coimbra realizou-se pelo terceiro ano consecutivo na Praça do Comércio, renovando-se e reposicionando-se através de uma maior implementação no espaço, disseminando-se para outras artérias do coração da cidade, como o Largo do Poço e o Largo do Romal, dando continuidade à estratégia de valorização do território, do património e da revivificação da Baixa.
Durante dez dias, deslocaram-se ao evento mais de 10 mil pessoas, assinalando-se a elevada adesão e uma maior heterogeneidade de públicos, motivados pelo estímulo à leitura e pela programação artística. Em relação ao ano anterior, mantém-se a tendência do aumento de afluência por parte do público e do público jovem, em particular, mobilizado pela relevância da literatura e da oferta cultural, apesar das condições climatéricas adversas.
Em 2024, a Feira do Livro de Coimbra promoveu uma programação eclética e diversificada, englobando mais de uma centena de atividades dirigidas a todos os públicos e para várias faixas etárias. No próximo ano, este evento cultural pretende continuar a percorrer o trilho assente numa lógica de construção coletiva com o tecido cultural de Coimbra, regressando à Baixa de 20 a 29 de junho de 2025.
Numa área preenchida por 48 stands (mais oito do que o ano anterior) e 58 participantes (com diversos expositores a ocupar vários módulos), a Feira do Livro de Coimbra acolheu os principais grupos editoriais nacionais, livreiros e alfarrabistas de Coimbra, prosseguindo ainda a aposta em editoras independentes e de menor escala. A maioria dos expositores mencionaram um aumento da venda de livros, sobretudo ao fim-de-semana, justificando-se um relativo decréscimo relacionado com as condições meteorológicas que se registaram durante a semana e que condicionaram a visita ao evento.
Com o objetivo de fazer crescer a Feira do Livro de Coimbra a outros espaços da Baixa, em complemento à Praça do Comércio (que limitava uma maior participação do número de expositores), a iniciativa ampliou-se para dois outros núcleos: o Largo do Romal, que recebeu a Praça das Famílias e o Largo do Poço, que se transformou na Praça da Arte e da Criação.
Neste formato diferenciador, a Praça do Comércio acolheu dois novos dispositivos espaciais: as comemorações dos 500 anos de Luís de Camões e o 50º aniversário da Revolução dos Cravos foram assinalados no Auditório com o nome do autor de “Os Lusíadas”, espaço para a criação de pensamento, de debate e de partilha de conhecimento em torno das temáticas camoniana e da democracia, onde decorreram a apresentação de obras literárias, revistas independentes e projetos editoriais, conversas com autores, um encontro nacional com os escritores Lídia Jorge, Mário Cláudio, António Carlos Cortez e Tom Farias. Houve ainda lugar para a gravação, inédita e ao vivo, do podcast “Assim ou Assado”, de Sam the Kid e de Marco Neves, assim como apresentações de novas edições literárias.
Pelo Palco Liberdade – junto à Igreja de Santiago – alusivo também aos 50 anos do 25 de Abril em conjugação com o mote camoniano, passaram reconhecidos projetos e vozes do panorama artístico nacional, numa estreita ligação da música com a linha curatorial do programa. Manel Cruz, Pedro Abrunhosa, Valter Lobo, JP Simões e Capicua esgotaram a plateia em concertos nos quais a inspiração poética convidou à participação massiva da população.
Ainda no segmento musical, a oferta programática proporcionada pelo projeto Verão a 2 Tempos * Epicentro deu visibilidade à criação artística e ao talento dos artistas emergentes, por intermédio de múltiplas manifestações artísticas, de que foi exemplo, entre outros, a performance exclusiva de Bruno Pernadas e de Margarida Campelo com alunos de Jazz do Curso Profissional de Jazz da Escola Artística do Conservatório de Música de Coimbra, que lotaram o Palco Liberdade.
Direcionado para as famílias e público infantil, a Praça das Famílias contribuiu também para a vasta programação da Feira do Livro, destacando-se as iniciativas de cariz pedagógico transversais ao trabalho desenvolvido por agentes culturais da cidade e contadores de histórias, através da dinamização de sessões de contos em que se destacou o envolvimento dos grupos escolares e a dimensão inclusiva (com uma sessão em língua gestual portuguesa), assim como oficinas de poesia e artísticas, workshops, ateliês e concertos.
O retorno dos vários agentes que participaram na programação do Largo do Romal foi bastante positivo relativamente à adesão de público e à adequabilidade do espaço à programação promovida. No entanto, o mesmo não se refletiu para os livreiros presentes na Praça das Famílias, alegando uma quebra de vendas considerável relativamente à Praça do Comércio. Neste sentido, o Município de Coimbra considera repensar o conceito do Largo do Romal na próxima edição da Feira do Livro de Coimbra.
Já no Largo do Poço, na Praça da Arte e da Criação, o forte envolvimento comunitário e artístico com o ecossistema cultural local revelou-se uma aposta ganha, tendo-se construído um local de tertúlia e de encontro dos vários agentes culturais da cidade, perspetivando-se a continuidade do projeto, introduzindo-se as melhorias necessárias.
A programação convergente da Feira do Livro marcou uma rubrica inédita da Rota das Tabernas, com “Rota de Contos nas Tabernas”, protagonizada por Jorge Serafim, em que o público ouviu e degustou “Contos, histórias e outros textos da vida normal”. As propostas da programação convergente integraram ainda um momento simbólico com a plantação de uma azinheira no Parque Manuel Braga, o I Encontro Nacional de Declamadores: “Pelas ruas da baixa até à Casa da Cidadania da Língua”, uma performance poética pelas ruas da Baixa, o Encontro Internacional de Escritores, no Salão Nobre, e o concerto “Fado Camoniano”, de Patrícia Costa.
A 45ª edição da Feira do Livro de Coimbra ganhou contornos únicos, apenas alcançáveis através das parcerias estabelecidas com as variadíssimas instituições e agentes culturais e artísticos locais e nacionais. O evento contou como parceiros da programação com: A Escola da Noite, Associação Há Baixa, Associação Portugal Brasil 200 anos, Associação Recortar Palavras, Escola do Brinquedo Tradicional Popular da Associação Desportiva e Recreativa do Loureiro, Associação Artística e Cultural Grande Coisa!, Biblioteca Municipal de Coimbra, Blue House, Casa da Esquina, Cena Lusófona, Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos da Universidade de Coimbra, Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, Cooperativa Bonifrates, DOPPO, Encontros de Fotografia, Imprensa da Universidade de Coimbra, Lucky Lux, Marionet, Associação Cultural Mus.Mus.Cbr. e com O Teatrão. Enquanto parceiros de produção, a Feira do Livro contou com a Agência para a Promoção da Baixa (através da sensibilização e do envolvimento dos comerciantes da Baixa para o evento), a Associação Apura (através da mediação e articulação com as estruturas culturais locais, para além de contributos para a programação) e o Jazz ao Centro Clube (através do Ciclo Arte e Território e apoio técnico). A Feira do Livro contou ainda com o apoio da Fundação INATEL à programação, com diversos concertos. Por sua vez, a Rádio Universidade de Coimbra foi parceira de comunicação através da cobertura, em direto, do evento. A empresa municipal Águas de Coimbra também marcou presença no evento com a disponibilização de vários pontos de água, onde os visitantes tinham disponível água da rede pública fresca.