O protocolo para a instalação da Biblioteca Carlos Fiolhais na antiga Estação Elevatória do Parque Manuel Braga foi assinado no passado dia 17 de julho, na presença do presidente da Câmara Municipal (CM) de Coimbra, José Manuel Silva, do presidente do Conselho de Administração da empresa municipal Águas de Coimbra (AC), Alfeu de Sá Marques, e do professor catedrático de Física da Universidade de Coimbra (UC) e ensaísta, Carlos Fiolhais. Com este ato, o professor catedrático formaliza a doação ao Município da sua biblioteca, composta por mais de 40 mil documentos, possibilitando que todos os interessados possam usufruir desse espólio.
Carlos Fiolhais é professor catedrático de Física da UC, ensaísta e atual coordenador das “Conversas Almedina” na Livraria Almedina-Estádio, tendo já sido diretor da Biblioteca de Física da UC, da Biblioteca Geral da UC, bem como fundador e diretor do Rómulo-Centro Ciência Viva da UC. O professor catedrático decidiu doar ao Município de Coimbra a sua vasta coleção de livros, publicações periódicas e de suportes áudio e audiovisuais, com vista à criação de um novo equipamento cultural onde funcione uma biblioteca. Para concretizar essa intenção, a antiga Estação Elevatória do Parque, espaço da AC, vai sofrer obras para acolher o vasto espólio do antigo diretor da Biblioteca Geral da UC, composto por cerca de 40 mil documentos.
O projeto da futura Biblioteca Carlos Fiolhais é da autoria do arquiteto João Mendes Ribeiro e prevê a instalação de uma estante principal no auditório; de estantes, expositores, áreas de leitura e de consulta (presencial e online), de uma sala de catalogação e de uma área de cafetaria. “Um espaço com esta história, dignidade e centralidade deve ser dedicado à cultura, à ciência e à educação cívica. Queremos criar um ponto de encontro, que promova o debate de ideias e que seja usufruído por todos”, sublinhou Alfeu de Sá Marques, sustentando que este espaço irá acolher tertúlias de discussão aberta e plural, sobre ciência, tecnologia, cultura, arte, entre outros temas atuais e relevantes para a formação de uma opinião pública mais informada e consciente”.
“Coimbra fica hoje mais rica porque ganha um espólio extraordinário e um espaço cultural com nova dinâmica”, referiu, por sua vez, o presidente da CM de Coimbra acrescentando a “grande honra e o sentido de missão em reconhecer as pessoas em vida”. Carlos Fiolhais demonstrou a sua grande alegria nesta doação e na possibilidade de este ser um espaço aberto a todos e que mostra “a ligação de Coimbra ao mundo dos livros e da literatura”, que resulta numa “enorme e feliz conjugação de vontades”. Simbolicamente, o primeiro livro a integrar este novo espaço é o último livro do professor catedrático de Física da UC intitulado “Toda a Física Divertida”, lançado muito recentemente.
O protocolo que formaliza esse compromisso foi assinado pelo presidente da CM de Coimbra, pelo presidente do Conselho de Administração da AC e por Carlos Fiolhais. O documento, aprovado na reunião de Câmara de dia 29 de abril, cria a Biblioteca Carlos Fiolhais como um polo da Biblioteca Municipal e estabelece as condições da doação, com destaque para o cronograma das entregas dos documentos, de forma faseada e sempre com o acompanhamento de Carlos Fiolhais. A primeira entrega foi realizada no ato da assinatura e compreende cerca de cinco mil documentos, entre os quais livros, publicações periódicas e suportes áudio e audiovisuais, para que se possa iniciar o trabalho de inventariação, assegurado pela AC, sob coordenação do serviço da Divisão de Bibliotecas e Arquivo Histórico da CM de Coimbra.
À medida que a inventariação dos bens doados for sendo efetuada, vão sendo entregues à autarquia mais documentos. Os restantes serão entregues após o falecimento do professor catedrático e representam livros da sua autoria, manuscritos, apontamentos, esboços, e outros de uso pessoal.
A universalidade dos bens doados ao Município de Coimbra abrange cerca de 40 mil documentos (literatura nacional e estrangeira, incluindo poesia, arte, banda desenhada, ciência e tecnologia e ensaios), publicações periódicas, nacionais e estrangeiras, e suportes áudio e audiovisuais (discos digitais com músicas, principalmente, música clássica e jazz, filmes, de ficção e documentários, e programas informáticos). Carlos Fiolhais vai colaborar no desenvolvimento do projeto cultural, na dinamização e organização das atividades, sem qualquer remuneração, privilegiando a ligação entre as artes, as ciências e as tecnologias, através de apresentações de livros, tertúlias, debates, workshops e representações ligadas a livros.
A AC e a autarquia comprometem-se a realizar as obras necessárias para a abertura da biblioteca até 1 de abril de 2025 e inaugurar o espaço até 1 de maio de 2025. De acordo com o protocolo, em obras e equipamento prevê-se um investimento de 100 mil euros (distribuídos por 2024 e 2025) e, para a programação, de 20 mil euros por ano.