Quando foi criado o Serviço Nacional de Saúde ( SNS), no segundo semestre de 1979, teve como prioridade os cuidados primários , de saúde, e outros de forma tendencialmente gratuita para todos os portugueses que não fossem funcionários do Estado. Porque, para estes Salazar criou em 1963 a ADSE que não morreu com a criação do SNS e muitos outros sub-sistemas de saúde do Estado.
O que é curioso é que, após o 25 de Abril, abominaram e mudaram tanta coisa que veio do tempo do Estado Novo, excepto as mordomias como estas e muitas mais. Mudaram os nomes de pontes, ruas e avenidas mas ficaram com as mordomias. .Perante um regime jovem em que se prometia tanta igualdade, a criação do SNS não teria sido necessária, bastava, para tal, prolongar a ADSE a todos os portugueses e não apenas para os servidores do Estado.
Começou muito mal ( e continua)a democracia gerando portugueses de primeira, de segunda classe e outras. Sim, o SNS, é uma espécie de parente pobre da ADSE, e de outros sub-sistemas e continua cada vez mais desigual.
Hoje em dia, o SNS está à beira do colapso total. Nunca, desde que foi criado, estivemos numa situação de eminente rotura, como estamos. Para alimentar a geringonça,Costa teve que fazer um frete ao Bloco de Esquerda e assim destruiu as parcerias público-privadas, na saúde, que funcionavam bem e davam lucro ao Estado. Ora esta viragem repentina, aliada à evidente falta de médicos que há anos se evidenciava, portanto à falta de planeamento governativo, levou-nos ao caos em que nos encontramos.
É uma medalha na lapela do Partido Socialista e de António Costa. Mais uma.
Porém o SNS nunca foi abrangente, de fora ficaram muitos actos médicos, alguns introduzidos aos poucos. Se por um lado se criaram cirurgias reconstrutivas, como a correcção ao tamanho das orelhas, nariz, o aumento ou a diminuição dos seios, entre outros, de fora ficaram actos significativos, em áreas da medicina que afectam gravemente a saúde.
Estou a falar da falta de acesso à saúde oral, que o SNS não tem. Tantas doenças podem advir da boca. Aconselham, e bem, as nossas crianças , desde o ensino pré-escolar a escovar correctamente os dentes, criaram o complicado cheque-dentista que não sendo o ideal, que já é alguma coisa, mas esqueceram-se daquelas que estão fora dessa idade.
Para esses, que também são portugueses, que pagam impostos, têm que recorrer à medicina privada caso tenham possibilidades. E lá se vai a tão propalada igualdade. Entretanto continuam desdentados porque a grande maioria não tem posses para isso.
Não é que não se tenha prometido, nesta matéria, que se ia criar um combate à saúde oral, mas ficou sempre no papel, como tantas outras medidas igualmente importantes, como a habitação que tutelou e nada fez, ou os transportes aonde continuamos a ver os utentes dos comboios ensanduichados em carruagens terceiro-mundistas . Foi prometendo mas nada concretizou.
Também aqui, Pedro Nuno Santos, (PNS)agora, Presidente do Partido Socialista ex- ministro da Habitação e Transportes, e candidato a primeiro-ministro, não cumpriu rigorosamente nada. E não é por falta de médicos dentistas que, os há com fartura e continuam a emigrar.
Mas agora, PNS, ao fim de tantos anos de governo, descobriu a pólvora e à falta de mais e melhores ideias, lançou a requentada proposta da implementação da saúde oral. Ou seja: aquela que devia estar no SNS desde sempre ,continua, apenas, ao alcance de pessoas que tenham bons recursos para ir a um dentista.
Como é evidente, vai requentar outras medidas , que já foram tantas vezes prometidas e voltar a promete-las de novo, como se de uma novidade se trata-se.
As doenças causadas pela falta da saúde oral, não lhe causaram insónias. Os efeitos estéticos, da falta de dentes, de milhares de portugueses, não o incomodaram, esse problema é para os de segunda ou terceira classe, ou outra.
Candemil, aos 29 de Janeiro de 2024
José Venade
(José Venade não segue o actual acordo ortográfico em vigor)