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CAIXA DE PANDORA #24

Patty Diphusa DESTAQUE

Outro dia li, aqui no jornal, uma notícia sobre um assunto do Município de Mira e, de repente, parei para pensar: “Mas onde raio é que eu já ouvi falar disto?”

Como sou bastante dada a estas coisas das redes sociais e tento não perder pitada, seja notícias, seja má-língua, lembrei-me: “Afinal, os senhores da autarquia, transmitiram aquilo em direto.”

Então, achei mal. Se transmitem em direto no Facebook, que estão os homens e mulheres dos Órgãos de Comunicação lá a fazer?”

Parece-me aqui que a malta das rádios e dos jornais é passada para segundo plano, pesem embora algumas palmadas nas costas e sorrisos muito abertos que, fala quem vê, vão acontecendo.

Estava eu metida neste molho de brócolos quando me tocam à campainha.

Era a Suzete e trazia novidades.

“Venho dali da pastelaria e, ao lado da mesa onde me serviram o cafezinho do costume, estavam duas mulheres a falar e ambas tinham cara de poucos amigos.”

E a Suzete continuou: “Diziam elas que há resíduos de caixões, roupas dos defuntos e artefactos religiosos, que apareceram nas obras junto ao cemitério e isto é mau de mais para ser verdade.”

Fiquei perplexa. Mas, a Suzete ainda não tinha acabado: “Parece que a coisa não é nova. Há quem diga que noutros tempos já alguém se apercebeu desta falta de respeito pelos nossos defuntos. E olha que até já colocaram fotografias no Facebook.”

Cheia de pressa, “já me demorei muito”, a Suzete foi-se embora.

“Desculpa lá, mas tenho que ir fazer a avaliação da minha empregada doméstica”, atirou ela.

Até quarta-feira, abraços.

Patty Diphusa nasceu nas terras de Mira em 1974 e um dia, quando todos estavam distraídos, meteu pés ao caminho e foi por aí. Hoje, atenta ao que se passa na terra onde nasceu, vai vendo e vai escrevendo sobre coisas que vão surgindo. Sobre coisas que a rodeiam.

 

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