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AS LINHAS DE ALTA TENSÃO E O “CAMPO DE FUTEBOL”. LENTISQUEIRA DE SÉCULO

Cais da memória

Duas décadas antes do atual campo de futebol, em 1960, a luz elétrica era uma conquista dos povoados do concelho. ” Os cantos “, foram uns Barrancos, para onde convergiam as águas pluviais do lado do ” sol-posto”, designação toponímica que viria a dar hoje lugar à “variante” poente. Feita a cabine da luz e, desmatada nas redondezas, o suficiente para que se criasse a ideia “da bola”, logo se alisaram areias e se fizeram as balizas. A vaga ideia das cores, haverá quem as recorde melhor do que eu, tenho ainda presente na memória fotográfica imaginária, uns azulejos pintados, na casa da Ti Odete Cruz, no cruzamento da Casa da Ti Mercês, onde é hoje a casa de Aquiles Neves. Um dos mentores da ideia desportiva, de entre outros amantes do futebol, o Ti Manuel Saramago contaria decerto melhor e com outros pormenores, o êxodo. Passaram pela equipa jovens da geração de Carlos Cruz, Cidálio Azeiteiro, Amílcar Neves, e demais que não me atrevo a mencionar todos. Destaque para o ” treinador”, famoso ex.- jogador, à época do Beira-mar, de seu conhecido nome Melão, também ligado, alegadamente por Adélio Manco, ao futebol de Vagos, Ílhavo, Soza, Ala-Arriba e, prestigiado temporal treinador .

 Subsídio de Vítor Capelôa :

 Melão e o futebol Nacional Distrital e, o facto de não saber ler e/ou escrever 

” Lembro-me no início do futebol federado do Seixo, algures põe esses anos 70, um jogo ao domingo entre a A.C.R. do Seixo e outra equipa em que o trio de arbitragem nomeado pela Associação de Futebol de Coimbra não compareceu. Então, como era costume, alguém entre a assistência, voluntariava-se para arbitrar o jogo. Nesse dia, o árbitro foi o Seixomirense, meu Pai, Vítor Capelôa e, os fiscais de linha o ilustre Melo Melão que viria a terminar a sua carreira e outro elemento, adepto da equipa visitante. O jogo decorreu com as normais picardias… No final, era necessário proceder ao relatório e este tinha obrigatoriamente de ser assinado pelos árbitros. Aquando da vez do Melão, “de assinar”, este vira-se para Capelôa e diz: Ó Senhor Capelôa, pode assinar aqui por mim que eu tenho as mãos ocupadas? Mais tarde, vim a saber que, Melão não sabia ler nem escrever e, esse foi o motivo pelo qual deixou de jogar na primeira divisão no Beira-Mar e por isso veio para Mira, onde acabou a carreira futebolística no Ala-Arriba.”

Agradecimentos: Adélio Manco e Vítor Capelôa.

Domingos Neto

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