Aos poucos o conceito de férias, e o seu uso, foi-se alastrando na sociedade a que chamam de classe- média e hoje aqueles que nasceram a partir das décadas de setenta e oitenta, não as dispensam.
Dir-me-ão: mas férias sempre as ouve”?
Sim, mas para a nata da sociedade, para uma elite dos quais poucos sabiam o que era o trabalho. Para estes gastar uma pequena fortuna em férias de luxo, não lhes cria mossa.
Para esta realidade muito contribuiu o subsidio de férias. É injusto para quem o paga mas é esta a realidade.
Antecipadamente, muitos, planeiam -as, havendo uma percentagem que, de mote próprio ou recorrendo a agências de viagens, partem por esse Mundo fora, à descoberta de coisa nenhuma, como se não houvesse amanhã.
Encafuados em resorts, concebidos à medida, o que ficam a conhecer, paredes fora, é pouco e não reflete, minimamente, a realidade desse país.
Dois dias, pelo menos, são para as viagens, pouco fica para conhecer a realidade e um pouco da história desse pedaço de país. E para descansar.
São pacotes contratados através de agências. De três, cinco, sete, ou mesmo dez dias, onde depositam sonhos e uma espécie de desforra de meses de trabalho. Depois, somam desilusões, cansaço e mais contas para pagar.
Chegam mais cansados que quando partiram , mais pobres e abatidos.
A euforia, e o desejo prometido em vídeos maravilhosos, em praias de areia-branca e águas cristalinas e em vários tons, carregadas de photosoph, criam a ilusão, idílica.
Vendidas por profissionais treinados fazem com que vão ultrapassando o valor do, ou dos respectivos subsídios, saltando para o upgrade mais caro, ficando a pagar em prestações onde já moram outras, ou penduradas no cartão de crédito, para pagar no mês seguinte, se o conseguirem.
Setembro tem o condão de despertar muitas famílias, violentamente, para a realidade da vida.
É preciso comprar uma parafernália de coisas para o reinicio do novo ano escolar: roupa e calçado, livros, manuais, cadernos, mochilas e um sem fim de pequenas coisas que a somar aos excessos das férias, aumenta o desespero e avoluma da conta associada ao cartão de crédito.
Em desequilíbrio periclitante, vão sobrevivendo desesperadamente, até ao ansiado mês de Dezembro, onde recebem outro mês a dobrar, o subsidio de Natal. Se com este reforço não equilibrarem as contas, pelo menos não ficam tão pesadas.
Porém, problema é todo o marketing consumista que envolve o Natal e a passagem- de ano, a que
poucos ficam imunes, e de novo voltam os desequilíbrios orçamentais familiares que, de forma desesperada pagarão nos meses seguintes.
Muitas pragas foram rogadas às malditas férias em que, pouco ou nada coincidiram com o que lhes foi vendido, mas o mal está feito.
Agora é preciso fazer frente aos excessos natalícios.
Boas férias para aqueles que ainda não desfrutaram delas.
Candemil a 30 de Julho de 2024
José Venade
(José Venade escreve de acordo com a anterior ortografia)
.