Menor ou maior, todos nós temos uma família. É no seio de uma família que nascemos e nela somos criados e educados. Porém uma família, não é uma sociedade por quotas, embora ás vezes pareça, que se pode extinguir a qualquer momento, passando a ter outra designação e termo social diferente.
Uma família nunca se extingue, mesmo que se cortem relações entre membros. Os Pais serão sempre os Pais , os Avós idem e os irmãos manterão a união, única, até que na família entrem cunhados ou cunhadas.
Com o casamento dos irmãos, novos interesses se instalam na família, novas formas de pensar a família, onde até ali quem ditava as regras eram os Pais.
O casamento altera a unanimidade do grupo familiar e, raramente é para reforça a união da mesma. São criadas alianças improváveis e conflitos diversos, mas é no seio desta que temos o nosso porto de abrigo para os males que nos convocam.
Sou do tempo das famílias “normais”, de quatro a sete, de dez ou mais filhos, hoje tidas como famílias numerosas, uma espécie de anormalidade societária que urge averiguar e castigar.
Se os progenitores tiverem estabilidade financeira, estão autorizados a procriar, caso contrário serão atestados como anormais e a procriação será travada, ou os filhos ser-lhe-ão retirados . Abundam, em cada terra ambos exemplos.
Na década de cinquenta do século passado, que foi quando eu nasci, estava a sociedade muito longe de pensar que dali a umas décadas seria confrontada com este tema.
Quando se anunciava a gravidez de alguma mulher que já tinha muitos filhos, alguém dizia: deixa vir, tudo se cria. E criava.
Não que eu ache que se deva retroceder na forma como muitos foram criados, mas à medida daquele tempo saíram pessoas bem desenvolvidas.
A falta de crianças, o tal Inverno demográfico em que estamos metidos e que ninguém está interessado em sair dele, ou em inverter o caminho que aqui nos levou, é ou não um problema?.
Não chegamos aqui em uma década, mas quem nos tem governado foi declinando responsabilidades esperando que o caso se resolva de forma automática. A tendência, nem sequer é nossa, é mundial.
Se a China castigava aqueles que se atrevessem a ter mais que dois filhos, hoje, também ela está metida no tal Inverno demográfico.
Se hoje em dia a população em Portugal bateu um recorde,é à imigração que se deve, não foi nada programado nem é nada sustentado. È um caso pontual e periclitante. Somos 10, 600 milhões de habitantes.
Nestas longas décadas, nem os países mais ricos da Europa fizeram o suficiente para travar a falta de crianças.
Afinal elas fazem falta ou não?
As projeções , segundo o Eurostat, dizem-nos que daqui por dezasseis anos seremos menos de 10 milhões.
Era quase impossível que, em seis décadas, as que me refiro, o Mundo não mudasse, porém as governações não quiseram ou não souberam acompanhar esta evolução. Ou não a acharam relevante.
Começou por mudar o conceito de família, com as mulheres a entrarem no mundo laboral, das empresas, das Escolas, Universidades, no Parlamento, no Governo, etc o que se saúda.
É um facto muito positivo mas essas mulheres não deixaram de acumular, com o seu posto de trabalho, o da Mãe e dona de casa.
Mais uma vez, os governos foram insensíveis às condições das Mães, ao não ter uma rede de Creches,Jardins de Infância e ATL a nível nacional, com horários alargados, gratuitas, e adaptadas às novas tendências laborais.
Ainda hoje se corre atrás do prejuízo, deixando aos jovens casais o ónus de arranjarem alguém que lhes fique com as crianças, pagando do seu bolso e sem recibo para abater em IRS. Mas há promessas renovadas, nos anos eleitorais, embora as Câmaras depois de eleitas, assobiam para o lado.
Em Cerveira, prometeram em 2021 e prometerão em 2025, o mesmo. Basta ver o programa eleitoral do PS, que governa Cerveira, entre aquilo que prometeu e aquilo que fez: zero.
E não há creches suficientes, para as crianças que temos. Tiveram que recorrer a amas privadas, as mesmas que ainda hoje lhes valem, mas ou é assim, ou não podem trabalhar.
Face a isto, e conjugado com outros problemas, os casais repensaram a sua vida e o seu conceito de família começou a estagnar. Continua e continuará.
Ter filhos é quase um luxo a que o Estado em nada ajuda, pelo contrário castiga com soberbos impostos, como é seu timbre.
O Estado está sempre do lado do lucro e nunca ao lado do “prejuízo”. Habilita-se sempre a receber a sua maquia, seja porque caminho for, mas foge a sete pés quando devia dar o corpo, para pôr ajuda efectiva e dinheiro no bolso das famílias, como um incentivo honesto, sustentado e credível, e dessa forma ajudaria a pôr no Mundo o melhor que o Mundo tem: as crianças.
Candemil, a 23 de Julho de 2024
José Venade
(José Venade não segue o actual acordo ortográfico em vigor)