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A “ESQUIÇA” E O PONTIDO 

Sabores do Chef

A Esquiça é um “santuário” gastronómico, à entrada de Fafe, feito taberna há uns cem anos, tem esta efervescente designação, pelo serviço de vinhos em pipas, tirado em caneca a pedido do freguês – “Sai um Esquiça”! No Esquiça, de balcão corrido, comia-se bacalhau frito, iscas de cebolada, sardinhas fritas, rojões… 

“Esquiça”, é um pequeno palito de madeira afiado e moldado a canivete para tapar o buraco que se fazia nas pipas para retirar vinho. Era um ritual que levava muitos curiosos a observar e aferir a destreza do taberneiro. Quanto retirava o pequeno “esquiça” o vinho esguichava de imediato e era necessária habilidade para não haver desperdício, ao ponto de baterem palmas – “Viva o esquiça”! O nome ficou e muito bem. Na realidade, o que um grupo de bons e exigentes comedores foram fazer à taberna, foi esquiçar generosas postas de vitela assada no forno com batatinhas tão saborosas e suculentas que nem no melhor restaurante de cinco estrelas. Gostei particularmente do corte da carne, desta coroa de glória da gastronomia de Fafe. Saladinha de alface e cebola regada de azeite por mãos generosas e vinagre de somítico, vinho verde tinto abastado, gulosos doces amarelos de romaria, completaram a refeição brindada com uma preleção didática do mestre de cerimónias, Fernando Miguel, sempre à “capela”.

Para desmoer as deliciosas fibras da “mendinha”, fomos visitar a “Aldeia do Pontido”, uma “Laurissilva” plantada no baixo Minho, o barulhento caudal de águas que se encolhem por entre penhascos de tonelagem megalítica, onde nasce o rio Vizela. Aldeia recuperada por casinhas graníticas vocacionadas ao turismo embelezam o local altivo, espreitam a ponte medieval de 3 arcos, o bucólico verde de tão denso esconde a beleza térrea natural, as suas praias, a barragem, os percursos pedestres, os parques de merendas, os passadiços, as comportas, o sistema hidráulico das levadas percorrem uma rede de canais, para levar a água aos moinhos por ali espalhados, a impressionante biodiversidade botânica; carvalhos, amieiros, freixos, choupos, pinheiros, que se associam às zonas sombrias atapetadas de malvas, tojos, fetos, saramagos, urtigas, urzes, carquejas, morangos bravos, borragem, violetas, erva de sete sangrias, hipericão, as cores, os cheiros, os sons da água, dos pássaros, o cheiro doce das flores de sabugueiro, tudo numa profunda harmonia com o coro das rãs, trutas, lontras, doninhas e raposas que por ali coabitam.

“Doces de Gema”

Bater 6 gemas, 3 ovos, 150gr de açúcar até obter um creme volumoso. Juntar raspa de limão, 220gr de farinha peneirada, 2 colheres de chá de fermento, envolver tudo. Num tabuleiro de ir ao forno, com papel vegetal, colocar 1 colher de sopa do creme, levar ao forno a 180º durante 10 minutos. O glacé é feito com 1 clara, 150gr de açúcar em pó e sumo de limão. Bater bem, barrar por cima dos doces e deixar secar.

Bom apetite!

Um abraço gastronómico.

Mário Moreira

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